As origens mais antigas da radionovela encontram-se nos folhetins ao mesmo tempo literários e jornalísticos do século XIX e que ainda persistiram na primeira década do século XX. Esta forma radiofônica do melodrama seriado ou em capítulos foi criada nos Estados Unidos, em 1930, por meio de emissões diárias com duração de quinze minutos, sendo as duas primeiras Painted Dreams (Sonhos coloridos) e Children's today (Crianças de hoje). Com a expansão do sistema radiofônico naquele decênio, acompanhada pela venda de unidades domésticas, as empresas químicas de sabão e de produtos de toalete e limpeza decidiram investir na produção de séries mais longas (30 minutos), tendo como público-alvo de suas campanhas publicitárias as donas de casa. Por esse motivo, receberam a alcunha de soap-operas.

As radionovelas norte-americanas optaram mais comumente por uma dramaturgia baseada em pequenas histórias diferentes, mas completas em cada edição, vividas por personagens destacado, uma família ou grupo social de vizinhança (Ma Perkins, Home sweet home, Song of the city, The O'Neills, The guiding light, Road of life). O mesmo sucesso de público ocorreu emCuba, ainda nos anos 1930, cujo tratamento excessivamente romântico deste tipo de melodrama serviu de modelo para a América Latina (Los Ángeles de la Calle, El derecho de nacer, Divrociadas, Mujeres que trabajan, Yo no quiero ser mala, El dolor de ser madre) e ainda revelou um autor prolífico e bastante requisitado, Felix Caignet. À diferença de sua congênere norte-americana, a radionovela cubana optou por entrechos mais longos e fragmentados, formato seguido pelas produções mexicanas, pelas argentinas e, mais tarde, pelas brasileiras. Aqui, a radionovela estreou em 1941, após Oduvaldo Viana, então diretor artístico da Rádio São Paulo, tê-la conhecido na Argentina.

Naquele ano, sua emissora pôs no ar A predestinada, enquanto a Rádio Nacional preferiu a versão cubana Em busca da felicidade. Tanto em Cuba quanto no Brasil, as mesmas indústrias químicas norte-americanas foram as que investiram mais assiduamente nesses programas, estimulando a criação a adaptação de uma média superior a trinta emissões anuais somente naquelas rádios. O advento da televisão trouxe consigo a telenovela, cujo tratamento acabou por incorporar, ainda que parcialmente, a tradição do teatro e a linguagem cinematográfica. No Brasil, a primeira experiência deu-se em 1951, na TV Tupi de São Paulo: Sua vida me pertence, de Walter Foster. Embora se tenham criados textos especiais para o novo gênero, com destaque para José Castelar (Um beijo na sombra, Roas para o meu amor, Direto ao coração) e J. Silvestre (Uma semana de vida, Meu trágico destino, Abismo), ambos provenientes do rádio, o período entre 1952 e meados da década de 1960 caracterizou-se, sobretudo, pelas adaptações de romances consagrados, nacionais e estrangeiros, o que afastou a telenovela, nesses primeiros anos, do melodrama radiofônico mais característico: Senhora, de José de Alencar, Iaiá Garcia, de Machado de Assis, Oliver Twist, de Charles Dickens, Miguel Strogof, de Julio Verne, Jane Eyre, de Charlote Brontë, Ana Karenina, de Leon Tolstoi,Scaramouche, de Rafael Sabatini, O corcunda de Notre Dame, de Victor Hugo, Os três mosqueteiros, de Alexandre Dumas, ou Anos de ternura, de A. J. Cronin. Ainda nesses anos iniciais, a telenovela só contava, geralmente, com duas emissões semanais e não desfrutava do mesmo prestígio e audiências alcançadas pelo teleteatro. Em seu formato diário, a telenovela implantou-se na TV Excelsior em 1963, com a peça 2-5499, ocupado, de autoria do argentino Alberto Migré. A decisão decorreu de um acordo entre aquela emissora e a multinacional Colgate-Palmolive, interessada na substituição da radionovela por um meio publicitário em expansão. A experiência, que se revelou promissora após dois meses, deu impulso às audiências cativas e populares obtidas desde então. Tanto que, no ano seguinte, Borelli filho, um articulista da Revista do Rádio, podia escrever: "[...] as novelas em TV, por obra não se sabe do quê, viraram epidemia neste país. É uma doença agradável, que se contrai com prazer e alcança foros epidêmicos que ultrapassam toda imaginação".