O Conteúdo a seguir foi extraído do Livro
Como Criar, Produzir e Apresentar no Rádio 
Cyro César - Editora Ibrasa - 2000

 

O homem na constante necessidade de se comunicar: Ligue o Rádio. Passe pelas estações, músicas, notícias, entrevistas, promoções, shows, aulas, brincadeiras, debates, informações e entretenimento.
O universo do Rádio em constante (R) evolução: o alvo é o próprio homem.
Tão antiga quanto o ser humano é a luta que ele enfrenta para criar meios de registrar e passar adiante informações.
Sinais de fumaça, batidas de tambor, linguagem gestual e inscrições em pedras são exemplos que nos levam rapidamente a refletir sobre a existência de códigos na sociedade humana diante de uma necessidade vital: descobrir formas para superar barreiras na comunicação. 
Desde as conquistas mais antigas até as mais modernas (imprensa, telegrafo, cinema, rádio, televisão), o que se depreende é que em toda e qualquer época o ser humano tem, como característica essencial para sua sobrevivência, a necessidade de transmitir conhecimento. 
O homem, com a evolução dos tempos, sistematizou sua capacidade de comunicação e graças a ela, sobrevive.
A comunicação torna possível a interação entre os homens e ao mesmo tempo lhes proporciona armas para a convivência, porque a interação de um indivíduo ao seu ambiente e ao seu tempo está relacionada, de forma intrínseca, com o seu acesso a informação.
Esta necessidade do conhecimento levou o homem a um desafio, através dos séculos: uma mobilização intensa com o objetivo de conquistar meios cada vez mais eficientes para a propagação e o intercâmbio de informações.
O homem na constante busca da informação:
A história da civilização humana se confunde com a história da criação e invenção desses meios.
O desenvolvimento da linguagem proporciona ao homem uma posição predominante.
A escrita e a sua evolução garantiram a imortalidade à palavra.
De uma civilização para outra, de uma cultura para outra, entre as sociedades humanas, a comunicação se institucionalizou.
Esse breve raciocínio nos indica que a comunicação moderna tem raízes em um passado remoto.
Mas, com alguma reserva, pode-se dizer: a idade moderna da comunicação coincide com a invenção da imprensa, desenvolvida na Europa, no século XV.
Somente dois séculos depois da descoberta de Gutemberg, começam a surgir os jornais periódicos - a constância na divulgação de informações e conhecimento.
O desenvolvimento da imprensa era lento e foi com facilidade que as autoridades governamentais obtiveram seu controle. 
O capitalismo em ascensão libertou-a desse domínio, mas a transferiu para o seu poder. 
Através de processos diferentes, praticamente no final do século XVIII, a imprensa estava livre do controle do estado, mas já presa às forças do capitalismo, em países como Inglaterra, França e Estados Unidos.
Foi no século XIX, com as profundas mudanças econômicas e sociais geradas, que provocaram um primeiro momento do que se poderia conhecer hoje como imprensa de massa. 
É dessa época o aparecimento e desenvolvimento das agências de notícias, que tiveram importante papel nesse processo. 
Em países mais ricos, com a instrução se generalizando, a divisão de trabalho se estruturando e o padrão de vida se estabelecendo, o público dos jornais já era suficientemente grande.
Em outras áreas, onde a situação era adversa, a imprensa caminhava ainda muito lentamente. Constantes inventos (técnicas de impressão de grandes tiragens) auxiliaram o crescimento da difusão da notícia. 
Através do telégrafo ( e de outros meios que foram surgindo com o emprego da eletricidade, telefone, cinema e o próprio rádio) favoreceram sua consolidação.
A imprensa deixava para traz a época em que a maior parte da população era excluída de uma vida social e política tão somente pelo descobrimento dos fatos.
O consumo da informação passa a ser "em massa".
À medida que as novidades tecnológicas se incorporavam à comunicação, os meios de informação se afirmavam.
O homem na sua ânsia de vencer barreiras, no tempo e no espaço, os queria mais velozes e eficazes.
É nesse processo que o início do século XX embalou uma demanda febril da comunicação - O Rádio.
A partir de 1920, a repercussão do novo meio de comunicação de massa era notável. 
Uma demanda febril de aparelhos receptores assolou os Estados Unidos e a Inglaterra.
Em 1921 o número de emissoras de rádio nos Estados Unidos era de 4, passando a 29 em 1922 e a 382 no início de 1923. A publicidade começava a veicular, o que tornava o novo meio bastante viável economicamente.
Em 1927 havia 7 milhões de aparelhos somente nos Estados Unidos. Em outros países, entre os quais o Brasil, as emissões regulares foram inauguradas entre os anos de 1922 e 1925.
Uma nova descoberta ampliou a radiodifusão mundialmente: foram as comunicações em ondas curtas, usadas desde 1915 durante a primeira guerra mundial.
Na noite de Ano-Novo de 1923, a estação KDKA transmitiu em ondas curtas um programa para a Inglaterra. Em 1929 era a vez da Holanda transmitir para as Índias. 
Depois vieram a França e a Inglaterra, transmitindo a longa distância, cada qual em seu idioma, para suas colônias.
A ex União Soviética foi quem mais utilizou as ondas curtas, transmitindo propaganda política e cultural para o estrangeiro, em mais de 50 línguas e dialetos.
A partir de 1923, a Alemanha aproveitou-se da possibilidade de transmissão a longa distância, para assolar os Estados Unidos com propaganda nazista.
Durante a segunda guerra mundial, o rádio foi intensamente utilizado para a emissão de mensagens e como arma de propaganda política por numerosos países.
O rádio no Brasil surgiu em uma data de Festa Nacional.
Foi a 7 de setembro de 1922, em comemoração ao centenário da independência do Brasil, que aconteceria a primeira transmissão radiofônica oficial brasileira, no Rio de Janeiro. 
Era a fala à nação do Presidente Epitácio Pessoa. Havia no país 80 receptores importados dos Estados Unidos e distribuídos em pontos estratégicos da então capital da república.
A Westinghouse Eletric International, juntamente com a Companhia Telefônica Brasileira, era responsável pela façanha de montar no alto do corcovado uma estação de 500 Watts, surpreendendo a todos que ouviram a nítida transmissão da fala presidencial.
Em 1923, o antropólogo Roquete Pinto fundou a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, instalada na Academia de Ciências. Membro do Instituto Histórico e Geográfico, Roquete Pinto fundou em 1934 a Rádio Escola Municipal do Rio de Janeiro, que hoje leva o seu nome.
Com a introdução de mensagens comerciais, a Radiodifusão Brasileira se popularizou.

O patrocínio de anunciantes permitiu o surgimento de programas de "variedades", responsáveis por transformar o rádio em fenômeno social, influenciando o comportamento das pessoas e ditando modas.